Pesquisas comCUCA

quarta-feira, 16 de março de 2011

Augusto Boal, o Brecht libertador

Augusto Boal



Richard Schechner, editor de uma das mais conceituadas publicações sobre o teatro atual, o The Drama Review, escreveu certa vez que Augusto Boal (1931-2009) executou, no palco, o que Brecht sonhou: um teatro alegre e instrutivo, uma forma de terapia social de verdadeiro impacto na dramaturgia contemporânea. 

No Dia Mundial do Teatro do Oprimido, comemorado juntamente com os 80 anos do dramaturgo, falecido em maio de 2009, a memória de Boal eleva-se do panteão em que repousa ao lado de figuras como Stanislavski, Artaud e Grotowski, para embrenhar-se novamente entre os seus ‘espect-atores’.



O Centro do Teatro do Oprimido (CTO), instituição surgida em 1986, ano em que Boal retornou definitivamente ao Rio de Janeiro depois de mais de uma década de exílio, é o vórtice das celebrações, que se estendem para os mais de 70 países em que as diretrizes teatrais do intelectual brasileiro se firmaram como um método. 


Em Campina Grande, por exemplo, o Núcleo de Estudos e Práticas de Teatro do Oprimido da Paraíba (Neto-PB) promoveu hoje, às 10h, no auditório da Unidade Acadêmica de Arte e Mídia da Universidade Federal de Campina Grande, uma mesa-redonda tendo como tema ‘O Teatro do Oprimido e Augusto Boal’.


Com a participação de Olivar Bendelak, um dos ‘curingas’ (facilitadores do método) de Boal, e de Marcos Moraes, um dos fundadores do Neto-PB, a mesa-redonda é apenas uma das atividades que vão mobilizar os campinenses em torno dos 80 anos de Boal, que também será relembrado em uma oficina teatral ministrada no próximo sábado, a partir das 9h, na Faculdade de Administração da UEPB.


Segundo Bendelak, engenheiro químico que trabalhou ao lado de Boal a partir de 1993, no CTO, o Neto-PB foi implantado em Campina Grande, ano passado, a partir do projeto ‘Teatro do Oprimido Ponto a Ponto’, que tem ações em 18 Estados do Brasil e em países como Moçambique, Guiné-Bissau e Angola.

 
TEATRO POLÍTICO


Em articulação com pontos de cultura da Paraíba, o ‘Teatro do Oprimido Ponto a Ponto’ originou o projeto ‘Estética do Oprimido e Teatro Legislativo contra a Violência Doméstica’, que foi aprovado no Edital de Interações Estéticas da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e do Ministério da Cultura (MinC).
O projeto segue a cartilha da Estética do Oprimido (Garamond/Funarte, 2009), obra lançada pouco depois da morte de Boal e considerada o seu ‘testamento estético’. Aqui, os princípios do Teatro Legislativo (uma das técnicas do Teatro do Oprimido que preconizam a utilização do teatro como instrumento para a proposição de projetos de lei) são aplicados para discutir o problema da violência doméstica em Campina Grande. 


“É preocupante que uma cidade como Campina, que registra os mais altos índices de violência doméstica nos fins de semana, tenha sua Delegacia da Mulher fechada nestes dias”, afirma Bendelak.



Fonte: Jornal da Paraíba

Nenhum comentário:

Postar um comentário