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domingo, 9 de agosto de 2009

Literatura de Cordel: cultura, poesia e informação


Vindo nas caravelas de nossos colonos portugueses, o cordel, esse gênero tão brasileiro e popular de poesia, se desenvolveu principalmente no Nordeste do país. Inicialmente os temas retratados no cordel, eram ligados à divulgação de histórias antigas, que encantavam os povos, e vinham sendo transmitidas oralmente, atravessando gerações. Com o passar do tempo, o cordel passou a retratar, também acontecimentos recentes; quando não havia jornais, rádio ou televisão ou quando estes não alcançavam as camadas mais populares, o cordel era utilizado como meio de comunicação e principalmente de opinião entre os membros de uma dada comunidade.

O cordel, ao contrário do que possa parecer, não é um estilo inferior de literatura, a chamada “poesia matuta” se modificou e hoje é um veículo de informação e opinião. Em folhetos de cordel são biografados vultos importantes da nossa história, são tratados problemas sociais, como a saúde e a preservação do planeta. Assim o cordel ganhou espaço nas escolas, sendo usado como fonte de estudo da língua e dos costumes de nosso povo. Como afirma Manoel Monteiro, um dos “matutos” que ainda acreditam no potencial da literatura de cordel e que, além disso, sobrevive dela: “O cordel é uma grande fonte de informação, ele revela a cultura de nosso povo, sua língua, seus costumes, etc. E leva informação, tem uma linguagem acessível tratando de temas importantes, com uma linguagem simples, sem ser metido a besta”.

Manoel Monteiro começou seu ofício aos 16 anos, e hoje é considerado o mais importante cordelista brasileiro que ainda se encontra em atividade, possui uma produção diversificada que abrange toda a área da atividade humana. Suas narrativas são envolventes e prendem o leitor do princípio ao fim, além da influência verbal, própria dos grandes mestres. Em razão da qualidade de sua produção, a literatura de cordel está sendo indicada para a grade escolar de várias cidades brasileiras. Como exemplo disso tem-se a Universidade Estadual da Paraíba, que adota folhetos de cordel nas leituras obrigatórias de seus vestibulares. Para Manoel Monteiro, o cordel tem forte participação na educação: “O cordel é o melhor meio para criar no aluno o hábito da leitura, o cordel, de boa qualidade é claro, trará informação de uma maneira agradável, com uma linguagem simples, e isso vai despertar no aluno o prazer da leitura, a curiosidade em descobrir e conhecer cada vez mais”. O cordelista enfatiza, porém, que o cordel não substitui as outras literaturas, mas ao contrário se apresenta como um complemento e estímulo a leitura destas.

Manoel Monteiro é um grande exemplo de que a cultura popular ainda sobrevive paralela a todo o desenvolvimento tecnológico atual, ainda há espaço para as manifestações da tradição nordestina, desde que estas sejam de qualidade. Apesar de todos os meios de comunicação, hoje existentes, o cordel mantêm seu espaço, informando e encantando seus leitores, trazendo conhecimento revestido de poesia. “O cordel é um veículo de informação, uma forma de levar conhecimento de uma maneira agradável, com uma linguagem simples, que pode ser entendida por todos. Apesar de todos os outros veículos de comunicação sempre haverá espaço para o cordel de boa qualidade, o novo cordel, um cordel que traga conhecimento, que venha acrescentar algo aos seus leitores”, afirma o cordelista Manoel Monteiro.

Por Samantha Pimentel