Talvez esteja errado e tudo não volte mais, "Cinema Paradiso". Leio na monumental obra sobre a sétima arte na Paraíba, escrita por Wills Leal, que o Cine São José foi criado em novembro de 1945. E que ele tinha uma esquisita promoção para as pessoas do bairro: quem trazia a sua própria cadeira de casa tinha desconto no ingresso. Wills também relata que Campina Grande possuiu muitos cinemas de bairro e que eles tiveram um grande papel no entretenimento e formação de muita gente na cidade.
Escutei alguns rumores de que querem transformar o antigo cinema do São José em mais um "shopping" de camelôs. Seria enterrar mais um capítulo de nossa história cultural no lixo. Mas também tenho visto professores e alunos das duas principais universidades sonhando alto, querendo um rumo mais decente para o prédio.
Não é que o governo tenha má vontade com o São José, o Cine. Dizem que ele foi reformado umas quatro vezes, em gestões de diferentes cores políticas. Na última, alguns anos atrás, resgatou-se a beleza do prédio. O São José brilhava sem ao menos ter um filme em cartaz. Vazio de pessoas e de projetos, sem uso, o prédio foi envelhecendo, degradando, se arruinando. Não lhe foi dada uma utilidade. E os espaços mais conservados são aqueles nos quais se tem um uso social.
É hora de sonhar com mais uma reforma, dessa vez diferente. E que o espaço seja cedido a um centro cultural para abrigar a criatividade de jovens estudantes, cineastas, atores e teatrólogos. O roteiro do filme é este... só falta rodar!
Carlos Azevedo
Jornalista e professor universitário
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