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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Alceu Valença se rende à sétima arte


Terminaram na semana passada as filmagens de A luneta do tempo, primeiro filme dirigido por Alceu Valença

De tão ousado em sua premissa, ninguém sabe se o resultado será genial e revolucionário ou ruim e chato. Com certeza, o longa-metragem representa uma reviravolta na carreira do cantor, não só por causa do experimento inédito no cinema brasileiro, mas também do ponto de vista musical, pois trata-se de algo completamente diferente de tudo o que ele fez ao longo de sua carreira.

Orçado em R$ 4 milhões, o longa, na verdade, ainda tem cenas a serem filmadas, marcadas para março. O material captado até agora corresponde a cerca de 85% do total. O restante será rodado em março, em Olinda (PE), pois as cenas são internas ou com enquadramentos mais fechados e não necessitam das grandes paisagens do interior de Pernambuco (Cimbres é um vilarejo localizado ao lado do município de Pesqueira, a 200 km do Recife).

Um dos maiores desafios de A luneta do tempo é sua estrutura dramática, pois todos os diálogos são cantados ou recitados em versos rimados. Todo o roteiro foi gravado em áudio antes do início das filmagens, o que rendeu um material sonoro com duas horas de duração. As vozes dos atores são gravadas nas cenas, mas eles usam pontos eletrônicos escondidos dentro dos ouvidos para poderem acompanhar o ritmo dos arranjos pré-gravados das músicas. Todos os diálogos são cantados ou recitados.

Alceu é perfeccionista e ao mesmo tempo livre para improvisos. Segundo sua equipe, ele costuma criar cenas inteiras no momento de filmar e para isso escreve novos versos-diálogos-músicas na hora. Por causa de uma chuva, o artista resolveu reescrever uma cena de batalha entre soldados e cangaceiros para não perder um dia de filmagem e os atores interpretaram como se os personagens estivessem em uma tempestade. O que seria um acidente imprevisto que interromperia a produção foi convertido em um novo elemento poético providenciado pela natureza.

Ele fiscaliza cada sílaba verbalizada pelos atores, que também precisam interpretar com a entonação, o ritmo, a pronúncia, o tom de voz, a musicalidade e o sotaque definidos pelo diretor (a partir de suas lembranças pessoais sobre o povo do interior), que também faz questão de exercer controle sobre detalhes como as coreografias e as movimentações e enquadramentos de câmera. No set, percebe-se que ele já domina os termos técnicos cinematográficos e as funções e nomes dos equipamentos.

"Fiquei mais nervoso durante os dez anos antes de começar a filmar do que estou agora", admite o diretor. Por outro lado, diz que "Filmar, pra mim, é a coisa mais fácil do mundo", avalia o artista, que está acostumado a comandar plateias de dezenas de milhares de pessoas. "O filme ainda nem está pronto e já fomos convidados para participar de festivais de cinema na Europa e na África."

Fonte: Diário da Borborema

Declamador prepara 5º CD


Obra, que enaltece o Nordeste, está em fase de finalização e deverá ser lançada em janeiro

A poesia para ele está no sangue e vem de berço. Os versos surgem inexplicavelmente. Filho de poeta, Iponax Vila Nova usa as palavras para enaltecer os valores da cultura nordestina. Poeta declamador, ele conta através da poesia as belezas da região, a partir dos elementos enraizados na cultura popular. Filho do renomado repentista Ivanildo Vila Nova, Ivonax se prepara para lançar o seu 5º CD "Bem Longe de Mim". A obra está em fase de finalização e deverá ser lançada em janeiro, seguindo a mesma linha dos trabalhos anteriores batizados de "Humor Declamado" 1, 2 e 3 e "Iponax Vila Nova Poeta Declamador".

No começo de sua carreira, Iponax partiu para o lado do humor declamado. A inspiração inicial veio de Zé Laurentino. Mesmo sendo fã do poeta campinense, Iponax quis ter o seu estilo próprio e enveredar pelos caminhos da poesia fazendo trabalho diferenciado. "Zé Laurentino é mais um poeta sonhador e romântico", observou.

Ele confessa que no começo visou mais o mercado utilizando o humor em sua poesia, como faz Jessier Quirino, Chico Pedrosa, entre outros declamadores. Entretanto, do último CD para cá, viu que não era interessante apenas visar o mercado. Descobriu então, que além do humor, poderia inserir a crítica em seu trabalho. E a fórmula deu certo. Iponax não para se fazer apresentações.

Hoje, o trabalho de Iponax é mesclado de humor e crítica. No último CD, ele aprofundou o tema "Nordestino sim senhor". De forma engraçada, mas com forte dosagem de crítica, ele mostrou nos versos a saga dos nordestinos que vão para o sul do país, passam lá uns dias,e voltam falando carioca ou paulista, esquecendo inclusive alguns valores de sua região. No próximo trabalho "Bem Longe de Mim", Iponax fará crítica a determinadas bandas de forró que tocam música sem o comprometimento com a cultura da região. Um dos versos apela para "não se fazer propaganda de forma hostilizada, pois o poeta só gosta de xaxado, xote, baião e ciranda e quer esse tipo de forró tocado pelas bandas longe".

Iponax segue a linha de poetas que preferem fazer os versos rimados. Ele conta que vem de uma origem de avó e pai repentistas considerado por muitos como o maior de todos os tempos, que é Ivanildo Vila Nova, e por isso, não consegue fazer poesia diferente. Não consegue fazer versos quebrados.

Para Iponax, o Nordeste é um fértil terreno para os poetas. O solo nordestino, segundo ele, é sempre ricom principalmente para os cantadores. O poeta lembra que a cantoria difere do forró. O forró, segundo ele, é muito de época, tocado principalmente no período junino, enquanto que a cantoria acontece quase todos os dias em vários lugares do Nordeste ao mesmo tempo.

As chamadas cantorias de pé de parede, os shows de repente e festivais de violeiros, acontecem com frequência no Nordeste, o que segundo Iponax, traduz a força cultural da região. A agenda do cantador, de acordo com Iponax, é muito mais completa do que qualquer banda de forró.

Iponax, que é gerente do Centro Cultural Lourdes Ramalho, garante que hoje podetranquilamente viver só da poesia. Isso porque ele tem uma agenda cheia. "É muito difícil eu parar um final de semana em Campina Grande", conta. Quando não está declamando, ou fazendo show solo, ele está apresentando festival de violeiros. Assim, passa o ano todo na estrada, divulgando e vivendo de poesia.

Fonte: Diário da Borborema